Garagem é um lugar onde se guardam carros.-.Garagem é o lugar onde a banda toca.-.Garagem é o lugar onde se guardam as ferramentas.-.Mas essa garagem é um lugar diferente.-.Que nem todo mundo entende...

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Derrubando Barreiras...

Meu nome é Natalia, tenho 13 anos e sou portadora da Distrofia Muscular Congênita.

Desde meu nascimento, nunca pude andar, apenas engatinhar até os 2 anos de idade mais ou menos. Mas nem por isso meu problema me impediu de realizar meus sonhos.

Quando tentei entrar para o EMEI, a escola me barrou. Não me queriam lá. Porém, minha mãe não deixou queto; lutou até que a escola, querendo ou não, me aceitasse. E minha mãe conseguiu.

Depois do EMEI, fui para a escola fundamental I, e lá, mais outra barreira: o banheiro era impossível de ser usado por mim. E, novamente, minha mãe brigou e, após algum tempo, o banheiro foi devidamente adaptado.
Isso tudo não só beneficiou a mim, como também favoreceu outros deficientes que ingressaram posteriormente.

Agora estou no Fundamental II, em uma nova escola, com novas pessoas e onde, de novo, encontrei novas barreiras, mais complicadas. As carteiras, por exemplo, não eram adaptadas e a rampa de acesso também dificultava muito minha mãe e minha avó, as quais me ajudam na locomoção na hora do intervalo. Agora, porém, está tudo adaptado, não só para mim, mas para os outros deficientes que lá estudam também.

Minha mãe sempre ouviu coisas do tipo: Ah, mas por que você não a tira da escola? Deixe-a aprender a escrever só, isso basta! Mas minha mãe nunca concordou com isso; sempre falou: Não, a Natalia é uma pessoa como as outras, ela vai se formar sim, na escola, não só porque eu quero, mais sim porque é isso que ela quer também!

Não posso deixar de dizer que, em alguns momentos, pensei em largar os estudos pela correria de acordar às 5:30 da manhã e muitas vezes dormir tarde por causa das lições de casa. Mas sempre pensei duas vezes e falei para mim mesma: Se eu quero ser uma futura designer de moda, eu tenho que estudar! E continuei firme!

Quanto a minha vida social, posso dizer que ela é bem ativa. Todos os finais de semana eu saiu ou com minha família, ou até mesmo com amigas. Vou à missa, shows, festas, exposições etc. Tudo bem que, às vezes, é meio difícil pela condução, e principalmente porque moro numa subida. Mas isso nunca me impediu de fazer o que eu quero - se eu quero sair ou minha mãe chama um táxi, ou pegamos ônibus, metrô, trem, todos os meios de transportes possíveis.


Muitas pessoas deficientes não costumam sair hoje em dia por medo, por insegurança, dificuldades, ou até mesmo por vergonha.

Fico indignada com isso. Não é porque você é deficiente, que tem que parar no tempo, ficar praticamente vegetando em casa. O mundo está aí, a sociedade está ai, esperando vocês chegarem!

Como sempre minha mãe fala: saiba dividir seus lazeres e suas obrigações! Divido o momento de ir à missa, rezar, e participar do grupo de orações e retiros e também a hora das obrigações, entre elas ir à fisioterapia, tomar os remédios. Mas não falta tempo para a diversão, claro.
Se existe as barreiras existem, são para ser derrubadas! Nesses últimos meses, tenho ido, bastante a shows e, com isso, conheci novas pessoas e conquistei novas amizades. Tudo novo!
Estive, por exemplo, com minha prima, na Virada Cultural, em março deste ano, no palco do Rock para assistir a Pitty. Estava muito cheio, e me falaram que eu era louca de ir, que eu poderia ser pisoteada e tudo mais. No entanto, fui mesmo assim. Cheguei lá, estava lotado mesmo, e eu acabei encontrando uma menina que tem Distrofia Muscular Congênita só que negativa. Perguntei a ela o que estava fazendo no fundo, pois ela não estava enxergando nada. A justificativa foi o medo de tumultos. Insisti para que ela fosse comigo. Eu e minha mãe fomos abrindo caminho na frente, e as pessoas foram vendo que a gente estava passando e fizeram como se fosse uma corrente pra a gente ir.



Todos os estilos estavam lá, todos me respeitaram, sem preconceito algum. Quando estava quase perto do palco, a menina desistiu novamente por temer alguma confusão. Eu, ao contrário, continuei. Tanto que cheguei lá na frente e consegui chegar à frente do alambrado e assisti o show tranquilamente.


Depois, um homem que eu nunca vi na minha vida, ajudou pra que eu e minha amiga que tem Amiotrofia Espinhal entrássemos no camarim e todos foram super gentis comigo e com ela.
Agora me diga. Como pode uma pessoa dizer que deficiente não sai por vergonha, ou por insegurança?!

Se existe dificuldade é para que seja vencida.
E aqui deixo uma letra de uma música que eu gosto muito:

“ Os dias correm, somem
E com o tempo não vão voltar,
Só há uma chance pra viver.
Não perca a força, e o sonho,
Não deixe nunca de acreditar
Que tudo vai acontecer. ”Rosa de Saron - Chance"

Texto : Natalia Hipolito

Supervisão: Ana Carolina Gomes dos Santos

Revisão: Bruno de Pierro

8 comentários:

Naty,
Parabéns pela matéria!
"As barreiras existem para serem quebradas".
Gostei.

Naty!! Muito legal a sua matéria!! Esta linda! É um exemplo para muitas pessoas, vocês tem mais é que lutar mesmo pelo que desejam!!

Muito bom! Digo, mesmo, isso é realmente um exemplo bom para todos de como é importante lidar com as barreiras. Bela matéria, parabéns! Continue sempre lutando assim e boa sorte para você!

Com certeza Natália vc é uma guerreira! Me emocionei muito sobre a sua história...Admiro demais as pessoas que vão em busca de seus sonhos enfrentando as barreiras que encontrar sem medo de ser FELIZ!!!Pois é isso que importa é buscarmos continuamente a nossa Felicidade. Uma frase que me inspira todos os dias é: "Tudo pode aquele que crê e age".Então,continue acreditando e agindo para tornar seus sonhos em realidade. Desejo muita luz em sua vida!

Natália eu gostei muito do seu texto...
Nós tem problema mas conseguimos fazer,tem que lutar mesmo,igual eu,eu gosto de sair...
Parabéns.
grato, Vinicius Tavares Lima.

Este comentário foi removido pelo autor.

Oi Natalia! Muito bonita a sua história! Você é muito corajosa e determinada! Parabéns! Parabéns também para mãe da Natalia! Quando muitos se acomodam, a senhora sacudiu a poeira e ainda passou um paninho! rs Linda lição de vida!

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